printi logo

Entrevista com Luli Morante [Curadoria de Projetos de Design] #37

Alt Text

Publicado em 18/04/2024

Equipe Printi

Venas abiertas | Imagem: Acervo pessoal

Luli Morante, 26 anos, nasceu em Guayaquil, no Equador. Se formou em Jornalismo pela Universidade Federal de Sergipe e atualmente é Head de comunicação na Politize!, co-fundadora e fotógrafa na produtora audiovisual Curiar, e também assina a direção de fotografia de dois filmes que estão rodando em circuitos nacionais e internacionais de cinema, Geruzinho (2021) e Ágora (2021).

Luli Morante | Imagem: Acervo pessoal

(auto)Reconhecimento

Paura, um excesso de medo | Imagem: Acervo pessoal

Entre tantos marcos, Lulli acredita que começou sua carreira na área ainda na faculdade, quando teve a oportunidade de desenvolver um projeto de fotografia de autorretrato com mulheres do Presídio Feminino de Aracaju. Essa primeira experiência que teve coordenando e pensando um projeto visual de fotografia foi um processo interessante para que ela refletisse sobre seu papel enquanto fotógrafa

"Digo isso porque, durante aquele projeto, o fato de ter trazido um caminho de troca por meio da fotografia com aquelas mulheres, me fez refletir sobre o papel que eu estava exercendo ali, já que eu não só estava captando imagem, mas orientando e auxiliando outras mulheres ao ato da fotografia, ao ato do registro visual, e isso me possibilitou consolidar meu olhar sob mim e sobre meu trabalho a partir do olhar do outro. Da validação do outro, na sensibilidade do outro. Foi a primeira vez que me senti vista como uma artista visual, como uma artista da imagem", justifica.

O ato do registro visual | Imagem: Acervo pessoal

Nessa jornada de artista, a Luli acredita que as fontes de inspiração que a atravessam na construção da sua estética fotográfica são muito relacionadas a busca pela consolidação identitária a partir de um processo de retomada. "Então, a minha a minha procura por fontes de inspiração são sempre alinhadas a uma estética próxima do que pessoas ao meu redor, por exemplo, minha família e meus amigos, constroem imageticamente. O que eles vestem, as cores que eles usam, como se comportam, isso tudo consolida minhas referências", declara.

Mas, mais especificamente para poder citar pessoas de referências, alguns nomes se destacam, principalmente relacionados a universos que ela gosta muito, como o da moda e da música. "Na moda, uma grande inspiração para mim é a Day Molina, uma estilista indígena que tem uma marca independente feita 100% por mulheres e, em sua maioria, mulheres indígenas, chamada na Nalimo. É uma marca que eu admiro muito não só pela construção da própria identidade e do impacto que ela gera, mas porque ela é uma marca que me possibilita acreditar em um mercado onde o protagonismo da ancestralidade e a visibilidade dos povos originários seja seja concreta", diz a fotógrafa.

"Uma outra referência que eu tenho e que acaba construindo também meu imaginário visual é uma cantora chamada Lido Pimienta, ela é uma cantora colombiana que eu consigo encontrar uma relação na estética do que ela propõe com a estética que eu consumo e que eu gosto de trabalhar", complementa.

Já na fotografia, uma de suas principais referências têm sido Stephanie Rodrigues, uma jovem de 19 anos que atualmente mora nos Estados Unidos mas é da República Dominicana e faz um trabalho muito primoroso.

O delírio da experimentação

Estilo fotográfico | Imagem: Acervo pessoal

Quanto ao seu estilo fotográfico, a abordagem permissiva é uma forte característica. "É um estilo que transita por muitas linguagens, que está disposto a consumir e a ser consumido de muitas fontes. É um estilo que retoma, é um estilo que traz referências do não-real, da ficção. Eu também utilizo algumas técnicas mais manuais e artesanais, como o da colagem e faço captação de imagens de forma analógica, com as câmeras de filme. Então eu sinto que é uma fotografia que permite ao delírio da experimentação", descreve a estética.

O que o imaginário constrói | Imagem: Acervo pessoal

Desde a entrada nesse universo, muito projetos foram desenvolvidos e, espontaneamente, dentro desse todo existe um preferido: um projeto de design de moda de uma marca chamada Primer Rebelde de América. "É um projeto que eu gosto muito porque explora as narrativas originárias e traz bastante reflexão sobre as construções identitárias dos povos que migraram os Estados Unidos e de como essa construção imagética passa por diversas questões sociais, raciais e identitárias, então é uma marca de roupa que consegue traduzir muito bem isso no próprio conceito das coleções e do imaginário visual que constrói", compartilha e detalha a preferência.

A expansão visual pelas redes sociais

A imagem como suporte | Imagem: Acervo pessoal

Não poderíamos deixar de falar sobre a era das redes sociais, uma era em que a fotografia desempenha um papel fundamental na construção e na narrativa visual das histórias como um meio acessível para transmitir mensagens, em quaisquer formato que seja. "Ter a imagem como um suporte, seja para oralidade ou para escrita, é muito valioso porque é nesse momento, quando se juntam muitos recursos, que a gente descobre a importância do estímulo multissensorial. É no máximo de estímulos que podemos experimentar consumir produtos que se assemelham às experiências que vivenciamos no mundo real", introduz, destacando possibilidades.

"As redes sociais possibilitaram que a gente conseguisse visualizar e expandir o potencial do visual. A gente consome o conteúdo nas redes sociais muito pelo olhar, então eu acredito que a fotografia tem uma importância inegável nesse sentido", reflete Luli.

Sobre ser quem você é

Voz artística | Imagem: Acervo pessoal

Para você que está buscando aprimorar suas habilidades e encontrar sua própria voz artística, a Luli tem uma dica especial. "A principal dica que eu dou para fotógrafos iniciantes é de acreditar muito na sua estética, ser muito fiel a ela, porque nesse mercado e na própria produção artística não tem nada mais valioso do que a sua singularidade", aconselha. "Isso é o que vai te garantir destaque, é o que vai te garantir uma boa relação com sua produção artística e, claro, também não tem nada mais gostoso do que fazer algo que de fato comunique aquilo que a gente quer transparecer por meio da arte, e isso a gente só consegue quando a gente é fiel a nossa história, a nossa estética e a tudo que envolve a singularidade de ser quem a gente é. Então eu apostaria sempre em construir um legado baseado em ser fiel a si", finaliza a fotógrafa.

Agora que você, assim como a gente, entrou para o time de fãs da Luli, acompanhe de perto o seu trabalho pelo Instagram e conheça ainda mais sobre a história da artista!

Publicado em 18/04/2024

Equipe Printi

© 2024 - Printi - CNPJ 13.555.994/0001-54