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Entrevista com Marcel Melfi para o Dia do Quadrinho Nacional [Curadoria de Projetos de Design] #21

Publicado em 18/04/2024

Equipe Printi

Dia do Quadrinho Nacional | Imagem: Reprodução/ Odisseia Naftalina

O dia 30 de janeiro é uma data muito importante para a cultura brasileira. O momento de celebração, conhecido como Dia do Quadrinho Nacional, reconhece o valor da produção nativa de histórias em quadrinhos e homenageia nossos autores e suas respectivas obras. Por isso, o primeiro Printi Indica de 2022 conta com uma participação mais que especial: Marcel Melfi, criador da série Odisseia Naftalina.

Marcel, 35, é um designer gráfico e ilustrador de São Paulo, desde cedo apaixonado por quadrinhos e cinema. Depois de anos trabalhando em agências de publicidade, decidiu seguir sua paixão e criar uma saga em quadrinhos em que conta as aventuras de quatro vovôs pelo universo - inspirados nos próprios.

Influências criativas

Designer gráfico Marcel Melfi | Imagem: Acervo pessoal

A paixão do Marcel pela arte tem raízes profundas. Já é parte do DNA crescer com influências criativas. "Minhas primeiras lembranças de infância sempre envolvem papel e lápis de cor, minha mãe sempre me levava para eventos de criatividade, exposições e cursos onde pudesse me desenvolver artisticamente. Além disso, em minha família o dom da ilustração é compartilhado entre tios e primos, quase todos seguiram carreiras ligadas a esse meio", se recorda.

Portanto, desde sempre imerso em histórias e cores, o gosto por obras divertidas se estende até os dias de hoje. "Posso dizer tranquilamente que minhas maiores inspirações vieram da Revista MAD, das paródias caricatas de Mort Drucker, as charges hilárias do Sérgio Aragonés. Obras como Asterix, Tintim, Clássicos da Disney também foram material de leitura constantes. Atualmente sou aficionado pelo trabalho do francês Olivier Coipel e Cameron Stewart", diz o artista.

O universo das HQ's

O universo das histórias em quadrinhos | Imagem: Acervo pessoal

Para o Marcel, histórias em quadrinhos são o universo particular do artista e suas fantasias, como uma forma de trazer para nossa realidade coisas que só podem existir dentro da nossa imaginação. "Quando se conta uma história através de uma HQ, você não precisa de um orçamento hollywoodiano para levar um homem à lua ou trazer um dinossauro de volta a vida. Com prática no desenho e inspiração, você pode criar mundos fantásticos e personagens que antes existiam somente na sua cabeça e, assim, dar vida às suas ideias", afirma.

Além da parte criativa, o designer também é responsável pelo processo de levar as ideias para o papel e mantê-las em circulação. "Minha produção é completamente independente de editoras, as primeiras edições foram produzidas por financiamento coletivo, as seguintes foram vendidas digitalmente por um tempo e algumas foram distribuídas gratuitamente para que a obra tivesse um alcance maior e futuramente produzida em maior escala", explica.

A obra mencionada é o grande trabalho que o Marcel dedica seu tempo, conheça a série de quadrinhos Odisseia Naftalina!

Odisseia Naftalina

Na pacata cidade do interior de Itatiba moram 4 vovôs muito carismáticos. Eles acreditavam que iriam aproveitar a calmaria de sua aposentadoria até o fim dos seus dias, mas suas vidas mudam de cabeça para baixo quando uma nave espacial cai entre suas casas com um jovem casal de ET’s apaixonados que fugiam de suas famílias tiranas. Eles decidem então ajudar o casal a achar uma solução, e acabam entrando numa enorme conspiração galáctica para proteger o bizarro Sistema Brava 3.

Odisseia Naftalina | Imagem: Acervo pessoal

Tanta criatividade teve um pontapé: a ideia de criar a saga Odisseia Naftalina veio da paixão pelo cinema de aventura. "Desde pequeno, sou vidrado pelo gênero: Star Wars, Indiana Jones, Jurassic Park, De volta para o futuro, Goonies entre outros. Eu queria criar personagens que pudessem transitar por todos esses tipos de história. A melhor maneira de contar essas aventuras, a princípio, são os quadrinhos", garante, afinal, tudo o que precisava era de papel e caneta.

De acordo com o Marcel, o propósito da série é contar aventuras com heróis da terceira idade para que o jovem leitor pudesse olhar para seus avós e admirá-los acreditando que eles poderiam ser super-heróis. "As aventuras se baseiam em situações cotidianas dos idosos, mas de maneira fantástica, como enfrentar traças gigantes num planeta feito de cobertor. Queria também usar essa estética americana de aventuras colocando um tempero brasileiro, então todos os personagens são inspirados em celebridades nacionais - como Silvio Santos, Vera Verão, etc - entre outras coisas bem características nossas", descreve, empolgado.

Processo de construção

Construindo uma HQ | Imagem: Acervo pessoal

Organizar cada fase que compõe uma história em quadrinhos exige muita dedicação. "Começo sempre com um bloco de ideias, nele anoto frases, situações, cenas de ação, tudo sem ordem mesmo. Em seguida, organizo esses dados em uma linha do tempo criando um sentido pra história que quero contar até ter um roteiro bacana. Satisfeito com a história, faço um rascunho em papel sulfite, diagramando as páginas até acertar a fluidez e quantidade certa de páginas. Então, começo a fazer a arte final e cores no Photoshop baseado nesses rascunhos. Por fim, insiro os balões de texto, numeração de páginas e monto um arquivo para impressão", esclarece, listando cada meta a ser cumprida.

As primeiras três edições foram ilustradas à mão e digitalizadas, um processo bem artesanal que não trouxe o resultado que o Marcel desejava. "Posterior a esse episódio, comprei uma mesa digitalizadora, redesenhei essas três edições com algumas alterações na história e um grande avanço estético. Em seguida criei mais seis aventuras contando a saga total desses personagens. Quando passei para a criação digital, tive mais liberdade para estilizar os planetas, naves e criaturas", assegura.

"No começo, não tinha certeza que conseguiria concluir uma edição inteira - eu decidi escrever, desenhar, colorir, editar. Por trabalhar muito tempo com design gráfico eu conhecia as ferramentas, mas um projeto inteiro assim... era assustador. Agora, depois de nove edições e começando o primeiro spin-off da série, quero trabalhar com outros profissionais dividindo o trabalho, para poder focar nos roteiros e esboço e contratar um arte-finalista e colorista", expõe sobre o que vem por aí.

É hora de conhecer o universo da Odisseia Naftalina ?

Acompanhe mais sobre a série através de @odisseianaftalina, no Instagram, e não esqueça de nos contar qual foi a sua edição preferida! ;)

Publicado em 18/04/2024

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