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Entrevista com Mariana Beck [Curadoria de Projetos de Design] #25

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After Plus

Publicado em 18/04/2024

Equipe Printi

Embalagem Flavora | Imagem: Mariana Beck

Você sabe como funciona o processo de montagem de arte das embalagens dos produtos que você consome? Conheça designer de embalagens Mariana Beck e entenda o dinamismo que está por trás das artes tangíveis do dia a dia. Confira o conteúdo completo a seguir!

Verdadeiramente o design está em tudo. Ele tem uma responsabilidade social, é capaz de delimitar e mostrar futuramente como um determinado grupo de pessoas se expressava, consumia.

Mariana Beck
Mariana Beck | Imagem: Acervo pessoal

Mariana Beck, 22 anos, nasceu em Petrópolis - RJ e mora em Juiz de Fora - MG há 5 anos, desde que decidiu passar um tempo para estudar mas acabou ficando por lá. É formada em Artes e Design pela UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) e atualmente trabalha como Designer de Marcas e Embalagens, além de ter um “pezinho” na ilustração que tem se mostrado cada vez mais um elemento viável para intercalar entre os três e integra-las.

O contato com a arte

Embalagem Flavora | Imagem: Mariana Beck

A relação da Mari com a arte começou em forma de diversão ainda quando ela era pequena. "Minha Mãe era professora de educação infantil e essa é uma área muito manual e de experimentação, então ela me levava junto para o trabalho para conhecer esse mundo antes mesmo de eu entrar para a escola de fato. Além disso ela também era artesã, então acabava que eu conseguia literalmente pôr a mão na massa, ajudar a cortar alguma coisa, combinar cores junto com ela", diz.

Depois, o contato com a arte acabou surgindo de modo mais intenso na faculdade. "Como o meu curso era interdisciplinar tive contato com gente que posteriormente faria Design, Moda, Artes Visuais, Cinema... Eu realmente tive uma visão 360 graus da arte aplicada em vários lugares diferentes e sendo vista de formas diferentes", relembra a designer. "A arte, de forma geral, está presente na minha vida em vários detalhes, mesmo quando não estou trabalhando, no meu momento livre pego para fazer crochê, essa coisa mais artesanal e manual, que acaba sendo meu hobbie", recapitula.

Embalagem Flavora | Imagem: Mariana Beck

Para criar, ela se inspira e começa o processo criativo de muitas formas. "Depende muito do projeto, porque tem alguns que já vem muito mastigado quanto ao que o cliente deseja: ele sabe exatamente o que quer e já tem os direcionamentos, então é muito mais sobre refinar a ideia. Mas, quando é algo muito livre, acaba que a gente corre o risco de ficar meio de como começar e, para isso, eu tenho algumas ferramentas… Uma delas é uma pasta sanfonada gigante que desenvolvi com embalagens que vou comprando em supermercado, lojas, presentes etc. E quando estou meio perdida em como inovar em um segmento específico, abro a pasta e vou vendo os segmentos correlatos ou até mesmo coisas que não tem nada a ver, quais os elementos principais daquela embalagem. Já quando estou em dúvida de fonte, vou olhando as fontes de cada embalagem e a diagramação e isso acende uma luz para eu ver possibilidades que talvez eu ainda não tenha conseguido pensar sozinha", declara.

Embalagem Flavora | Imagem: Mariana Beck

"Além disso, claro, assim como todos os designers, acompanho o BeHance, Pinterest, Instagram... Mas acho que essas ferramentas são proporcionalmente legais e limitadoras de modo que a gente vê coisas às vezes tão tão magníficas que te faze travar. É importante entender a necessidade de dar uma brecada nisso e voltar para algo não digital, como livros de embalagem. Eu mesma tenho uns aqui e quando estou com esse bloqueio abro para poder frear, porque são elementos que não soltam uma bomba de informação na sua cabeça e, automaticamente, possibilitam um consumo mais consciente e mais tranquilo", aconselha a designer.

Designer de embalagens

Vale do Uru | Imagem: Mariana Beck

Nessa área, são inúmeras responsabilidades compartilhadas com outros profissionais que não necessariamente estarão dentro do design de embalagem, porque quando se trabalha esse tipo de produto é importante ter consciência delas. "A primeira de todas é a responsabilidade sustentável da embalagem, porque bem ou mal ela sempre vai ser impressa e precisa ter uma responsabilidade muito grande com os materiais que estão sendo utilizados por mais que muitas vezes isso parta do cliente e do orçamento que ele tem, são questões que vão para além do Design. Mas é legal quando pode, e até quando não pode, criar esse espaço de conversa e compartilhar essas informações com o cliente", sugere Mariana.

Vale do Uru | Imagem: Mariana Beck

Por outro lado, existem questões relacionadas à legislação de forma geral. "A embalagem está para absolutamente todas as pessoas, não tem ninguém que não a consuma. Por isso, a comunicação da marca deve ser clara, consciente, responsável e verdadeira para não vender um produto que não corresponda ao que realmente é. Por exemplo, vão surgir clientes que farão propaganda enganosa e mostrarão coisas que não tem naquele produto e é importante ter um alinhamento com um engenheiro de alimentos e outros profissionais, porque designers de embalagem não têm obrigação de saber o que realmente compõe o produto. É importante saber disso porque às vezes o cliente não vai saber que deve ter um engenheiro de alimentos, que tem que passar por toda uma legislação com a Anvisa, é importante ter essa consciência de passar isso para o cliente. Não são responsabilidades necessariamente do designer, mas é importante ele saber para passar as informações corretas", recomenda.

O impacto do design de embalagens no mercado

Gin Uyrá | Imagem: Mariana Beck e Raphael Iglesias

Investir em um designer de embalagens causa grande impacto sobre suas vendas. "Muitas empresas não têm um suporte que se tem em empresas grandes de, por exemplo, investir em marketing e em outros meios de comunicação que auxiliam nas vendas. Pode ser que o único contato que o consumidor tenha com a empresa seja através da embalagem, por isso falamos que é a chance que aquela marca tem de ser vendida. Mesmo que ela tenha, a embalagem sempre vai ser a forma de comunicação mais palpável, porque possibilita pegar, tocar, girar e é interativa e acessível, porque todo mundo vai no mercado, é um contato muito orgânico. A embalagem é a porta de entrada do público para aquela marca, mesmo que ele vá divulgar sua marca depois em uma rede social e para outros pontos de contato, ainda sim a embalagem será a mais marcante. É importante olhar a embalagem desse ponto porque tem muitas marcas que pensam em embalagem como uma forma de colocar o produto dentro e ir para o mercado, mas na verdade ela é algo que você vai ter que se dedicar de qualquer forma, porque todo mundo que vende um produto precisa de uma embalagem e você ainda tem a possibilidade de colocar marketing nela, sabe? Em teoria, esse marketing é 'gratuito', já que teria que imprimir aquilo então porque não imprimir uma embalaSem dúvidas, a melhor forma de comunicação que existe", conclui.

Embalagens no universo criativo

Denaray | Imagem: Mariana Beck

O processo de criação para o design de embalagens é bem parecido com o de marca. "A gente passa por um briefing mais técnico além do de criação de base criativa, que vai falar sobre os dizeres legais daquela marca, peso, tabela nutricional, informações legais mesmo. Outra etapa é o moodboard, um painel de inspiração para mostrar outras embalagens que já tem no mercado, fazendo pesquisas recorrentes. Literalmente, às vezes um cliente vai conseguir comparar marcas bem de cara, por isso deve ter uma pesquisa muito aprofundada de mercado, de concorrentes, do que eles já usam, o que pode ser ponto de inovação, muitas vezes passa por um processo de pesquisa com o público, então você interage com um grupo que já consome os concorrentes, ou a própria marca, no caso de um redesign, pergunta quais são os pontos que faz as pessoas escolherem uma embalagem, naquele mercado específico, quais os pontos de inovação que ele vê e coisas do tipo", sinaliza a profissional.

Denaray | Imagem: Mariana Beck

É muito importante escutar o público porque na embalagem o tempo de escolha é muito curto. "Muitas vezes são segundos para escolher uma marca e não outra, então é preciso escutar os clientes para que a sua embalagem não seja esquecida em uma gôndola. pequenas preocupações que acabam somando ou acrescentando no projeto de embalagem para ele funcionar que mudam pois será impresso e tudo mais pela forma que ele será veiculado, mas em geral os processos são bem semelhantes,

A criação de embalagens é de muita responsabilidade. "É ela que carrega as composições específicas dos produtos. É importante sempre ter o suporte do profissional responsável pelo desenvolvimento do item. Na área de cosméticos, por exemplo, o engenheiro químico ou até um químico ou farmacêutico vai conversar com o designer. A legislação vai traze dizeres diretivos e informativos para o público, para que a embalagem seja consumida de maneira consciente e certa", pontua.

A impressão do produto

After Plus | Imagem: Mariana Beck e Raphael Iglesias

Muito além de projetar a arte, o designer de embalagem também deve se preocupar com o processo de materialização. "A embalagem só existe no mundo físico, que a gente toca, então não tem como existir se ela não for impressa. Claro que o cuidado vai além disso, porque se você não tem uma boa impressão, não procura um local que faz isso com maestria, pode acontecer mudanças de cor, redução de qualidade e tudo isso impacta na percepção do consumidor", adverte.

"Como designers de embalagens, temos uma responsabilidade muito grande de transmitir mensagem, retratar de quem é aquela marca, qual é a qualidade da marca... Por isso a materialização é um ponto primordial, não tem como fazer uma embalagem sem pensar no processo de impressão", finaliza a profissional.

Publicado em 18/04/2024

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